O que levar de 2020?

Photo by Kelly Sikkema on Unsplash

Quando este ano começou, como uma página em branco, era só expectativa. Um novo vírus era uma realidade distante que nem imaginava que embarcaria por aqui. 

Mas ele chegou.  E fechou as portas dos restaurantes, meus clientes levando à lona meu próprio negócio, como o deles, da noite para o dia. A esperança ainda estava lá, achava que seria coisa de um mês. Mas não. 

As escolas se fecharam e nos trancamos em casa com nossas famílias. Na minha, como nas outras, a necessidade de conciliar trabalho, educação dos filhos e cuidar da casa escalou as tensões e o cansaço. Para famílias menos estruturadas isso tudo virou motivo para aumentarem as estatísticas de violência doméstica. Para casais mais fragilizados, catalisadores da separação. 

O parque que era tão importante para minha saúde mental e física também teve seus portões fechados, deixando cinzas os momentos antes verdes. 

Dos amigos e familiares distância e saudade.  E de vários amigos e pessoas próximas as notícias da perda de seus entes queridos. Como não se entristecer profundamente?

Mas o caminho que escolhi foi o de tirar o melhor disso tudo.

Das portas fechadas, a oportunidade de ajudar outros tantos negócios com o meu e a energia para o nosso destino mudar.

Do desafio das aulas online, a admiração pelos professores que se tornaram heróis e o desejo de participar mais da educação dos filhos, tão importante para simplesmente delegar.

Da dificuldade de conciliar as reuniões virtuais com as crianças em casa, a leveza de ver a vida como uma só, sem tanto esforço para separar o profissional e o pessoal. Sem tentar esconder as crianças. E assim descobri as pessoas por trás dos vários profissionais com quem interagi. Mais humanos, mais familiares, mais pessoais, com as suas crianças, com as suas famílias, igualmente profissionais. Que bom que o mundo pode descobrir que é possível, que pode ser produtivo e econômico.

Do isolamento em casa a oportunidade de conhecer profundamente cada um e aprender como fazer da sua companhia um remédio para a tensão. Das notícias de violência doméstica, o carinho que gostaria que todos tivessem em suas casas, e que distribuo sem economia na minha. Das notícias de separação o abraço ainda mais apertado em quem escolhi para estar ao meu lado, renovando a vontade de não soltá-la jamais.

Dos portões fechados do parque, o sabor especial de liberdade ao reencontrar seu verde e poder por ele correr novamente. E a surpresa de se sentir ainda mais livre de voltar para casa ao interromper a corrida com um “Papai, volta logo para brincar”. 

Da distância dos amigos e da família a alegria de juntar todos por vídeo, mesmo os que estão bem longe, para brindar nossa relação. 

Das tristes notícias de quem perdeu alguém que amava a vontade de aproveitar e valorizar cada segundo de quem eu amo e que ainda está aqui. De se proteger para proteger, uma verdadeira lição de solidariedade ao mundo. 

E das expectativas frustradas de quando o ano começou, a lição de viver o aqui e o agora, pois só o que temos é o momento presente. 

Que possamos levar só o melhor deste ano especial para que todos os outros sejam muito melhores que ele. É o que desejo para todo o mundo.

Publicado por Fernando Taliberti

Sou um empreendedor, entusiasta de inovação e tecnologia, maníaco por livros de negócios. Adoro absorver conhecimento e usar ele para construir o novo, mas também para compartilhar escrevendo e palestrando.

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